terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Um Escândalo que é Impossível não haver Culpados

Por Cartola Artie

De que modo o tsunami político que atingiu letalmente o governador do DF - José Roberto Arruda, do DEM, - vai se refletir nas eleições presidenciais do ano que vem? Um parâmetro é a crise do PT em 2005. O partido até sofreu ao ser desossado pela imprensa na esteira das acusações de Roberto Jefferson, mas o presidente da República reelegeu-se com folga dali a um ano.

Aliás, a candidatura de Geraldo Alckmin naufragou de vez quando o tucano decidiu trazer o assunto da "ética" mais para o centro da campanha. Abriu — sem ironia — caixa de pandora e afundou.

É possível que o PT tivesse conseguido eleger alguns deputados a mais se não houvesse o escândalo do dossiê, que estourou bem em cima do primeiro turno, causando certa turbulência. E só. Não há registro de candidato majoritário do PT que tenha sido derrotado por causa da sequência de confusões em que se meteu o partido naquela época. E os números da eleição interna do PT por estes dias mostraram que a sigla se recuperou com sobras e vai bem, obrigado.

Quatro anos atrás o petismo adotou uma providência eficaz, ainda que dolorosa: removeu cirurgicamente os focos de problema, oferecendo assim, um discurso para o presidente e os demais candidatos da legenda. Diferentemente dos adversários, dizia o PT, nós punimos nossos quadros e militantes que se desviaram do caminho virtuoso. Bem ou mal, essa narrativa blindou o presidente e, em boa medida, o próprio partido.

Agora, o desafio diante da oposição é semelhante: encontrar quem vai ser sacrificado no altar da opinião pública. Como a oposição não tem uma organicidade comparável à do PT, nem um líder para colocar ordem na casa, é para ela uma tarefa mais complicada. Uma cirurgia mais difícil. Com diversos cirurgiões-chefes debruçados sobre o paciente, a chance de cura é menor.

Será que o eleitor infeliz com o comportamento dos políticos do Distrito Federal, a começar do governador do Democratas, vai votar em protesto no PT, por todo o país? Difícil. Mais provável é que esse eleitor, em vez de prestar atenção nos partidos, feche o foco nos candidatos. Entretanto, assim como o presidente em 2006, o candidato precisará de um discurso. Pois, na democracia, partido que não dá satisfações ao eleitor cava a própria sepultura.

Este é o principal problema do governador do Distrito Federal: numa história em que não é possível não haver culpados, o candidato mais óbvio é ele próprio.



Fotos: Google

Um comentário:

  1. Cartola Artie, esse caso do governador Arruda foi algo bem complicado bem triste para aqueles que ainda acreditam em nossas políticas públicas,mas por outro lado foi bom,porque expos boa parte da sujeira que da qual nossos governantes estão envolvidos.
    Fico feliz que isso, de certa forma, tenha estourado na mídia,ainda que seja por conta de outros interesses, mas isso não vem ao caso agora.Porém, não devemos esquecer que esse não é o momento para efetuarmos uma "briga de partido" até porque, intrínseco em todos os partidos existe uma grande parcela de corrupção,pois eles são compostos de pessoas,portanto, há divegências tanto em idéias quanto em condutas políticas.Ou seja,no DEM tem muitas coisas erradas,No PT principalmente tem muita coisas erradas- corupção nem se fala,porque foi um partido que falou de todos quando era oposição,mas quando virou governo,mudou até o discurso e a forma de governo - em todos os outros assim como vejo erros crassos no governo do PSDB também.
    Mas Cartolas, temos de focar em conduta política, no histórico dos canditados e, o que é mais importante, na fiscalização e na cobrança referente as metas estipuladas pelo próprio candidato- e ir mais além e criar as metas que você ,como cidadão,deseja que ele cumpra.
    Cartolas, se vocês não conhecem bem sobre o candidato não votem, e se vocês se sentem entendidos ao ponto que achar que conhecem, pesquisem mais, porque nunca tem como saber de tudo e se for preciso eu acho mais coerente ficar sem votar do que se prestar a julgamentos sumários.Ao meu ver, essas são maneiras mais sensatas para que possamos agir em pról de melhorias políticas e não ao invés de ficarmos, novamente, nessa "manjada" briga entre partidos,até porque todos eles têm lados podres.

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